Por que cada vez mais jovens alemães estão aderindo à direita
Entre prática e discurso, jovens tem preferido a realidade.
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Nos últimos anos, tem sido notável o crescimento do apoio de jovens à direita na Alemanha e em outros países da Europa. Esse fenômeno, em especial entre os homens, reflete uma mudança de percepção sobre as políticas públicas e as promessas feitas por diferentes espectros políticos ao longo do tempo. Muitos jovens afirmam que a esquerda tradicional não entrega os resultados esperados, o que os leva a buscar alternativas políticas que consideram mais coerentes com a realidade que vivenciam.
Nick, um jovem de 19 anos, expressa sua preocupação com a segurança em seu país: "O que meus pais me ensinaram é que eles costumavam viver em paz e tranquilos, sem medo em seu próprio país. Eu gostaria de viver em um país onde eu não precisasse ter medo". Ele e seu amigo Dominic, de 30 anos, simpatizam com o partido Alternative für Deutschland (AfD), que tem se consolidado como a segunda força política nas pesquisas nacionais. Para eles, a imigração é uma das principais questões que motivam suas escolhas políticas. Embora não sejam contra a imigração como um todo, consideram que as políticas atuais falham em garantir que novos imigrantes se integrem à sociedade alemã de maneira produtiva.
Os dados corroboram esse movimento: uma pesquisa do Instituto Pew de 2024 aponta que 26% dos homens alemães têm opiniões favoráveis ao AfD, contra 11% das mulheres. Além disso, nas eleições para o Parlamento Europeu daquele ano, 16% dos eleitores com menos de 24 anos votaram no AfD, um crescimento significativo em relação a 2019.
Analistas políticos observam que partidos de esquerda frequentemente enfatizam pautas como feminismo, igualdade de gênero e direitos de minorias, enquanto os partidos de direita se concentram em valores conservadores e questões econômicas. Esse foco faz com que muitos homens jovens não se identifiquem com as pautas progressistas e busquem alternativas que melhor representem suas preocupações e perspectivas.
Outro fator importante nesse fenômeno é o uso das redes sociais. Plataformas como TikTok e X (antigo Twitter) permitiram que políticos e influenciadores contornassem a mídia tradicional e falassem diretamente ao público jovem. O AfD, por exemplo, tem uma forte presença digital, superando partidos tradicionais na Alemanha em alcance e engajamento online. Celina Brychcy, uma influenciadora de 25 anos, é um exemplo desse movimento. Com mais de 167 mil seguidores, ela compartilha conteúdo pró-AfD enquanto mescla vídeos de entretenimento e estilo de vida. Segundo ela, seu engajamento não se deve a ganhos financeiros, mas sim à convicção de que está promovendo ideias que acredita serem benéficas para a sociedade.
Além da imigração e da economia, há também um questionamento sobre as mudanças culturais promovidas nos últimos anos. Muitos jovens expressam descontentamento com o que chamam de "exageros" em certas pautas sociais, como a fluidez de gênero e políticas identitárias. Pesquisas indicam que eleitores mais inclinados à direita consideram que essas mudanças desviam o foco de questões práticas, como emprego, segurança e estabilidade econômica.
Dessa forma, o crescimento do apoio juvenil à direita na Europa não é um fenômeno isolado ou baseado apenas em retórica ideológica. Ele reflete um processo de insatisfação com promessas não cumpridas e uma busca por alternativas que se alinhem mais às expectativas desses jovens quanto ao futuro do país.
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