Tribunal de Paris julga tunisiano acusado de ataque terrorista que matou três pessoas em Nice
No tribunal, Aouissaoui afirmou não se lembrar dos acontecimentos, declaração que indignou os familiares das vítimas.
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O tribunal especial de Paris iniciou, nesta segunda-feira (10), o julgamento de Brahim Aouissaoui, tunisiano de 25 anos, acusado de assassinatos e tentativas de assassinato com motivação terrorista. O réu é responsável pelo ataque ocorrido em outubro de 2020 na Basílica de Nossa Senhora da Assunção, em Nice, no sudeste da França, que resultou na morte de três pessoas, incluindo a franco-brasileira Simone Barreto Silva.
Na manhã de 29 de outubro de 2020, armado com uma faca de cozinha, Aouissaoui invadiu a igreja e decapitou quase completamente Nadine Vincent, de 60 anos. Em seguida, fez o mesmo com o sacristão Vincent Loquès, de 55 anos. Ele ainda esfaqueou 24 vezes Simone Barreto Silva, de 44 anos, que conseguiu fugir do local, mas não resistiu aos ferimentos.
A polícia chegou rapidamente ao local e alvejou o agressor, que foi socorrido em estado grave. Durante a prisão, ele gritou "Allah Akbar" (Alá é grande, em árabe), mas nenhum grupo jihadista reivindicou o ataque. Segundo a acusação, escutas telefônicas feitas durante sua detenção indicam que sua suposta amnésia sobre o crime seria exagerada.
No tribunal, Aouissaoui afirmou não se lembrar dos acontecimentos, declaração que indignou os familiares das vítimas. Um dos filhos das vítimas chegou a gritar em revolta e precisou ser retirado da sala de audiência.
O ataque ocorreu menos de duas semanas após a decapitação de um professor de História nos arredores de Paris, crime motivado pela exibição de caricaturas do profeta Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão.
De acordo com as investigações, Aouissaoui deixou a Tunísia no dia 20 de setembro de 2020, partindo da cidade de Sfax em uma embarcação clandestina rumo à ilha italiana de Lampedusa. Após uma passagem pela Sicília, chegou a Nice na noite de 27 de outubro, dois dias antes do atentado.
A promotoria sustenta que ele já possuía a intenção de cometer o ataque antes mesmo de deixar seu país de origem. A defesa, por sua vez, argumenta que seu estado mental e sua capacidade de compreender as acusações devem ser analisados durante o julgamento, que seguirá até 26 de fevereiro. Se condenado, Aouissaoui poderá enfrentar prisão perpétua.
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