Agências de checagem são braços estatais para criação de factoides
Essas iniciativas não apenas limitaram a liberdade de expressão, mas também foram usadas para sustentar os interesses de grandes corporações e agentes de estado.
A Meta anunciou que encerrará as parcerias com agências de verificação, conforme comunicado de Mark Zuckerberg. Essa decisão enfraquece um sistema que, sob a justificativa de combater a desinformação, permitiu que poucas organizações tivessem o poder de decidir quais informações poderiam ou não seriam compartilhadas nas maiores redes sociais do mundo: Facebook, Instagram e WhatsApp.
No Brasil, desde 2018, agências como Lupa, Aos Fatos, Projeto Comprova, Estadão Verifica e UOL Confere atuaram em parceria com a Meta, utilizando uma plataforma que identificava conteúdos possivelmente falsos por meio de denúncias de usuários, inteligência artificial ou pela própria escolha dos verificadores. Esses profissionais tinham o poder de rotular mensagens, reduzindo seu alcance e restringindo o acesso a informações que consideravam “imprecisas”. Tal controle frequentemente demonstrado é ideológico, refletindo as inclinações políticas e econômicas das agências e de seus financiadores.
Essas iniciativas não apenas limitaram a liberdade de expressão, mas também foram usadas para sustentar os interesses de grandes corporações e agentes de estado. Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, conteúdos que questionavam as políticas de saúde pública, como bloqueios, vacinação obrigatória ou medicamentos alternativos, foram amplamente censurados. Muitas dessas informações, mais tarde, foram divulgadas como legítimas, mas não puderam ser discutidas em tempo real devido à interferência das agências de verificação.
Internacionalmente, o modelo centralizado de controle de informação foi impulsionado por grandes corporações, como Google, Facebook e Twitter, além de fundações como a Open Society, de George Soros. A partir de 2015, iniciativas como o First Draft News receberam financiamento milionário para implementar sistemas de combate à desinformação, alinhados aos interesses desses financiadores. Com a eleição de Donald Trump em 2016, o controle sobre o fluxo de informações nas redes sociais foi intensificado, consolidando essas agências como ferramentas para moldar narrativas globais.
Porém, nos últimos anos, uma revisão das agências de verificação entrou em colapso. A compra do X (antigo Twitter) por Elon Musk trouxe à tona os “Twitter Files”, que revelaram a proximidade entre as agências, redes sociais e governos. Documentos mostraram como essas organizações participaram de simulações para controle de vazamento de informações, incluindo casos como o laptop de Hunter Biden. Essas práticas escancararam a manipulação de narrativas, minando ainda mais a confiança do público.
Uma alternativa ao modelo centralizado foi o sistema descentralizado de Notas da Comunidade, implementado por Musk no X em 2022. Nele, os próprios usuários podem adicionar contexto às postagens, permitindo uma verificação colaborativa e transparente. Esse modelo expõe ainda mais a parcialidade das agências, mostrando que o público, quando empoderado, pode verificar informações de forma mais equilibradas.
Agora, Zuckerberg planeja adotar um sistema semelhante nas plataformas da Meta, eliminando a dependência de agências centralizadas. A proposta foi recebida com resistência por jornalistas, agências de verificação e setores alinhados ao controle de narrativas. Em uma carta aberta, as agências descreveram o fim das parcerias como um “retrocesso”.
A realidade, porém, é que essas agências se posicionaram como “policiais da verdade”, muitas vezes a serviço de interesses políticos e econômicos. O momento vigiado pela população para refletir que a liberdade de expressão e o acesso a informações plurais ficam ameaçados quando poucos controlam o que pode ser dito. O fim dessas parcerias representa uma oportunidade para recuperar a autonomia informativa e fortalecer a responsabilidade coletiva no combate à desinformação.
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