Preço da picanha sobe e atinge um dos maiores valores em 18 anos
Segundo os dados, o corte nobre chegou a R$ 77,44 em novembro, representando um acréscimo de R$ 9,77 em relação ao mesmo período de 2023.
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O preço do quilo da picanha registrou um aumento expressivo neste fim de ano no estado de São Paulo, conforme levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), divulgado na terça-feira (24). Segundo os dados, o corte nobre chegou a R$ 77,44 em novembro, representando um acréscimo de R$ 9,77 em relação ao mesmo período de 2023, quando foi vendido a R$ 67,67.
Mesmo corrigidos pela inflação, os preços atuais só ficam abaixo dos registrados em 2021, durante o auge da crise sanitária da Covid-19 (R$ 85,90), e no fim de 2022 (R$ 81,10).
Fatores que pressionaram o preço
Entre os motivos para o aumento da carne estão a alta histórica do dólar, as condições climáticas adversas, a redução do abate de vacas e uma leve recomposição da renda dos brasileiros. Especialistas destacam que a seca prolongada debilitou as pastagens, mas, ainda assim, a produção nacional deve atingir um recorde de 10,2 milhões de toneladas neste ano, atendendo tanto o mercado interno quanto a exportações.
Segundo o Banco Central, os efeitos do ciclo pecuário sobre a oferta de animais para desconto vieram mais cedo e de forma mais intensa do que o previsto, instruindo os preços. O Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em 19 de dezembro, apontou a alta da carne como um dos fatores para a variação do cenário inflacionário no curto prazo, o que motivou a elevação da taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano.
Promessas de campanha e realidade
O aumento contrasta com a promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de tornar a picanha mais acessível às famílias brasileiras. Durante a campanha eleitoral, em entrevista ao Jornal Nacional , Lula afirmou que o deveria país "voltar a crescer" e permitir que "o povo pudesse comer picanha e tomar uma cervejinha".
Entretanto, mesmo com a produção recorde, o mercado segue impactado pelas dinâmicas globais e pela alta demanda externa. A picanha, que se tornou símbolo de retomada do consumo popular, permanece como um luxo distante para boa parte dos brasileiros neste fim de ano.
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