AGU pressiona redes sociais para blindar governo Lula
Desta vez, o alvo foi o Google, que exibiu uma cotação do dólar em seu buscador
A Advocacia-Geral da União (AGU) deu mais um passo na sua experiência contra plataformas digitais, adotando medidas que podem ser interpretadas como censura prévia para blindar o governo de críticas. Desta vez, o alvo foi o Google, que exibiu uma cotação do dólar em seu buscador, levando a especulações nas redes sociais e à intervenção do órgão comandado por Jorge Messias.
Na última quarta-feira (25), o Google mostrou a moeda norte-americana cotada a R$ 6,38, mesmo com o mercado de câmbio fechado devido ao feriado de Natal. O número superava os R$ 6,15 registrados oficialmente no dia anterior pelo Banco Central. O erro alimentou debates sobre uma possível disparada do dólar e colocou o governo em posição defensiva, enquanto usuários nas redes sociais acusavam o Planalto de má gestão econômica.
Intervenção da AGU e tentativa de controle informacional
A ocorrência da AGU foi rápida. O órgão invejoso oficiais ao Banco Central solicitando dados oficiais e, posteriormente, ao Google, recomendando ajustes para evitar "desordem informacional". Entre as exigências feitas às big tech estão a explicitação das fontes de dados financeiros e a adoção de políticas internacionais que reforçam a “integridade da informação”, com foco na proteção dos investidores.
A postura da AGU foi além de uma correção técnica. O órgão solicita que o Google enfatize essas diretrizes nas suas políticas de relacionamento com os usuários, o que pode ser interpretado como uma tentativa de controle de conteúdo sob o pretexto de evitar "impactos negativos".
Repercussão e recuo do Google
Diante da pressão, o Google suspendeu temporariamente o serviço de cotação do dólar no buscador e no Google Finanças. Antes da decisão, a empresa explicou que os dados de câmbio foram fornecidos pela Morningstar, que recebeu "dados errados" de um fornecedor. A Morningstar garantiu ter corrigido o problema e prometeu adotar medidas para evitar novos incidentes.
Apesar disso, a atitude do governo gerou críticas, com analistas e usuários das redes sociais apontando que a entrega da AGU pode ser vista como uma manobra para silenciar especulações legítimas e desviar o foco de problemas econômicos reais.
Tentativas anteriores de interferência e cenário econômico
Não é a primeira vez que o governo tenta intervir em plataformas digitais. Recentemente, a AGU acionou a Polícia Federal e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para investigar supostas notícias falsas sobre o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. As alegações de que Galípolo teria defendido a "moeda do Brics" como solução para a influência do dólar foram desmentidas, mas o governo atribuiu a alta da moeda americana a essas informações.
Especialistas discordam dessa narrativa e apontam que a verdadeira causa da valorização do dólar é a falta de confiança do mercado no compromisso do governo Lula com a responsabilidade fiscal. O pacote de cortes de gastos apresentado foi considerado bastante insuficiente, o que mantém a desvalorização do real e pressionou o Planalto a buscar prejuízos externos.
Blindagem ou censura?
A conduta da AGU tem sido questionada como uma forma de censura prévia, utilizando erros técnicos para medidas deliberadas que restringem a circulação de informações. Para os críticos, o governo está tentando controlar o discurso público para mascarar sua própria incompetência na gestão econômica, especialmente em um momento em que a disparada do dólar reflete as fragilidades da política fiscal e a incerteza sobre as contas públicas.
O episódio evidencia uma estratégia maior do Planalto: centralizar a narrativa e reduzir críticas, enquanto a economia sofre os impactos de decisões questionáveis e de promessas fiscais pouco confiáveis.
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