Macron reafirma que permanecerá no cargo após queda do primeiro-ministro, mas discurso é visto como reflexo de suas fraquezas políticas
A queda de Barnier expôs ainda mais o isolamento político de Macron, que tem enfrentado uma oposição feroz em ambos os lados do espectro ideológico.
Em um pronunciamento na televisão francesa nesta quinta-feira (5), o presidente Emmanuel Macron garantiu que continuará no cargo até o fim do seu mandato, em maio de 2027, mesmo após a queda do primeiro-ministro Michel Barnier. Barnier, escolhido por Macron há apenas três meses, foi derrubado por uma moção de censura expressa por um alinhamento incomum entre a esquerda e a extrema direita, que uniram forças contra a indicação do presidente.
Macron, que frequentemente distorce os fatos em seus discursos, representa, para muitos, a calamidade que líderes frágeis e desconectados podem causar quando alçados ao poder. Sua gestão é vista pelos críticos como um exemplo de como a incapacidade de construir consensos sólidos pode mergulhar uma nação em instabilidade política.
Crise política e queda de Michel Barnier
Barnier, considerado um político pragmático e experiente, foi escolhido por Macron após as eleições legislativas de julho, marcadas pela ausência de um vencedor absoluto. A coalizão de esquerda conquistou a maioria dos assentos, seguida pela extrema direita, mas nenhum bloco político alcançou a maioria necessária para formar um governo estável — uma situação inédita na França desde o início da Quinta República, em 1958.
A decisão de Macron de nomear um primeiro-ministro de centro-direita irritou tanto a esquerda quanto a extrema direita, levando ambos a apoiarem o movimento de censura que derrubou Barnier na última quarta-feira (4). Foram 331 votos elaborados, ultrapassando os 288 necessários para a aprovação da medida.
“Eu exercerei o mandato que vocês me deram até o fim”, disse Macron, em um discurso de 10 minutos. O presidente também anunciou que nomeará um novo primeiro-ministro nos “próximos dias”.
Racha política e críticas ao presidente
A queda de Barnier expôs ainda mais o isolamento político de Macron, que tem enfrentado uma oposição feroz em ambos os lados do espectro ideológico. Ele aceitou a renúncia de Barnier, mas pediu que o ex-primeiro-ministro permanecesse no cargo de forma interna até que um substituto fosse nomeado.
O colapso do governo de Barnier é visto como mais um reflexo da liderança contestada de Macron. Seu estilo político, frequentemente acusado de autoritarismo e desconexão com as demandas populares, intensificou a fragmentação do parlamento e alimentou alianças seguras entre seus adversários políticos.
Desafios à frente
Enquanto Macron tenta reorganizar a sua base de apoio e evitar novos colapsos institucionais, os franceses continuam a observar uma liderança marcada por disputas internacionais e decisões controversas. Muitos veem o momento atual como um exemplo claro de como a fraqueza dos líderes como Macron pode levar a crises políticas prolongadas e prejuízos à governabilidade.
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