O Departamento de Justiça dos Estados Unidos propôs medidas para conter o monopólio do Google, incluindo a separação da empresa de seu navegador Chrome e restrições ao Android para evitar o favorecimento do mecanismo de busca da big tech. O documento, apresentado nesta quarta-feira (20), detalha as recomendações em 23 páginas e sugere a venda do Chrome como forma de mitigar o domínio da empresa no mercado de buscas.

O Chrome, o navegador mais utilizado no mundo, é uma peça fundamental para os negócios do Google, já que coleta dados dos usuários para a segmentação de anúncios, conforme destacou a agência Reuters. “A conduta do Google desequilibra o mercado, garantindo vantagens ilícitas que impactam na qualidade do serviço”, afirmou o Departamento de Justiça, reforçando que a solução deve eliminar esses benefícios.

Kent Walker, diretor jurídico do Google, criticou a proposta, classificando-a como uma “agenda intervencionista radical” que pode prejudicar a privacidade dos usuários e enfraquecer a liderança da empresa em inteligência artificial. “Essa medida excessiva comprometeria a inovação mais importante do nosso tempo”, declarou em postagem no blog oficial do Google.

Decisão prevista para 2025

As sanções propostas refletem a gravidade com que o governo Biden enxerga o monopólio do Google. Em agosto, o juiz Amit Mehta, do Tribunal Distrital dos EUA, reconheceu a empresa como monopolista. Caso o magistrado adote as recomendações, o Google terá até seis meses após a decisão final para vender o Chrome. No entanto, a empresa deve recorrer, prolongando o processo.

As audiências sobre o caso estão marcadas para abril, e a decisão final de Mehta deve ser anunciada até 1º de maio de 2025. Reguladores também indicaram que o juiz pode determinar a venda do sistema operacional Android caso sejam encontradas evidências contínuas de má conduta.

Reações e possíveis impactos

O DuckDuckGo, navegador concorrente do Google, apoiou as recomendações, classificando-as como “necessárias para controlar um monopolista flagrante”. Por outro lado, especialistas apontam que a divisão pode ter impactos amplos sobre o setor de tecnologia.

Mudanças sob um possível governo Trump

Caso Donald Trump retorne à presidência em 2025, a postura do Departamento de Justiça pode ser revista. Trump demonstrou preocupação com a possibilidade de a separação destruir o Google e sugeriu alternativas menos drásticas, embora sem apresentar detalhes. Matt Gaetz, nomeado por Trump como próximo procurador-geral, já expressou apoio à dissolução de grandes empresas de tecnologia.

Essas propostas marcam mais um capítulo na crescente pressão contra gigantes da tecnologia, levantando debates sobre monopólio, privacidade e o futuro da inovação nos Estados Unidos.