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São Paulo,21/11/2024

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Dólar sobe com incertezas fiscais no Brasil e chance de Trump vencer nos EUA

A desvalorização do real se intensificou após a publicação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025.


Dólar sobe com incertezas fiscais no Brasil e chance de Trump vencer nos EUA

A ausência de medidas claras do governo brasileiro para reduzir o déficit público e a possibilidade de Donald Trump vencer as eleições presidenciais nos Estados Unidos estão elevando a cotação do dólar. Na quarta-feira (30), o dólar já havia acumulado uma alta de 19,4% no ano e, nesta quinta-feira (31), o valor da moeda americana superava R$ 5,78 às

A desvalorização do real se intensificou após a publicação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 em abril, ampliando o risco fiscal no Brasil. William Castro Alves, estrategista-chefe da corretora Avenue, aponta que, embora o dólar tenha se depreciado levemente no mercado global, a incerteza fiscal brasileira exerce forte pressão sobre o câmbio.

Nos últimos dias, a ausência de sinalização sobre cortes de gastos agravou o cenário. Na terça-feira (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que ainda não há dados para anunciar medidas de contenção, diminuindo que a decisão cabe ao presidente Lula. A fala impactou o mercado, fazendo com que o dólar atingisse R$ 5,76, o maior valor desde março de 2021. Tentando entusiasmar os investidores, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, prometeu “enquadrar” as despesas dentro das metas fiscais, garantindo que medidas para estabilizar as contas serão tomadas.

O déficit público brasileiro preocupa. Até agosto, o déficit primário atingiu R$ 256,3 bilhões, cerca de 2,26% do PIB, enquanto a dívida pública avançou para 78,5% do PIB. A situação piorou desde dezembro de 2023, com o governo federal respondendo pela maior parte do endividamento. Em resposta, os setores do governo discutem cortes e revisões de políticas públicas. Simone Tebet, ministra do Planejamento, sinalizou a necessidade de uma revisão estrutural dos gastos. O economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, sugere um corte de R$ 44,1 bilhões em 2025 e revisões em programas como Fundeb, seguro-desemprego e FGTS. No entanto, Luiz Marinho, ministro do Trabalho, declarou que só haverá mudanças com sua saída de carga.

Eleições nos EUA e Trump influenciam o câmbio no Brasil

No cenário externo, a expectativa de vitória de Trump, que subiu de 40% para 50% segundo a revista The Economist , impactou o dólar. A perspectiva de políticas fiscais e comerciais inflacionárias e protecionistas, comuns em seu governo, pressiona moedas emergentes como o real. Com títulos do Tesouro americano oferecendo juros mais elevados e uma dívida pública em alta, as moedas de países emergentes enfrentam dificuldades.

O economista José Alfaix, da Rio Bravo, afirma que as políticas de Trump podem aumentar o endividamento americano, elevando os juros dos títulos do Tesouro e pressionando ainda mais o câmbio. O Congressional Budget Office (CBO) projetou um déficit de US$ 1,8 trilhão nos EUA este ano e uma escalada da dívida pública de 99% para 124% do PIB em dez anos. “Essas políticas tendem a criar um ciclo negativo, impactando as moedas emergentes e elevando os custos de produtos importados e commodities, o que afeta a inflação”, pontua Alfaix.

A conjunção de incertezas fiscais no Brasil e o cenário eleitoral nos EUA sinaliza riscos adicionais para a economia brasileira, potencializando um ciclo de fuga de capitais e pressão inflacionária, o que dificulta ainda mais a estabilização econômica e o controle do câmbio.




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