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São Paulo,27/04/2025

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Sydnei Migli

DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA

Feliz Páscua e o que ela significa para o Cristianismo.


DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA

Houve um tempo em que eu pensava que os que assistiam, como eu, “Dois perdidos numa noite suja” de Plinio Marcos, poderiam sair do teatro e refletir sobre o mundo que nos rodeava.

E mesmo que muitos, a maioria pra ser sincero, pouco ou nada, poderíamos fazer para mudar a realidade. Sempre quis pensar que alguns dentre nós, com mais sorte ou mais inteligência que eu, poderiam melhorar o mundo.

Estava enganado!

Mas que digo eu?

 Um velho esquecido em um canto do mundo. 

Se o mundo está às mil maravilhas!

 Afinal podemos comunicar-nos como se estivéssemos em Star Trek, podemos pedir comida em casa, sorrir e espalhar nossa infinita felicidade pelas redes sociais.

Muito embora, às vezes, tenho a sensação de que mais que sociais, são só redes, redes que nos capturam em suas malhas e nos conduzem como um dócil e indefeso cardume ao mercado, onde nos vendem à melhor oferta.

E me pergunto, quanto desse incauto e esperançoso jovem ainda sobrevive? 

Creio que nada mais sobra dentro de mim.

 Caminho nostálgico e um pouco amargurado por não haver podido contribuir a nada de bom pro nosso mundo presente.

E agora, sentado diante da minha TV, ouço o repetitivo discurso dos que sempre sabem o que é certo, esses indignados opinadores que sabem solucionar todos os problemas do Brasil e do mundo.

É um verdadeiro banho de sensatez, onde só cabem boas ideias e humanidade.  

E me pergunto, onde vão parar essas tão perspicazes opiniões? Em que ouvidos cairão? Em que corações? Se por muito que vivo pouco ou nada vejo que o mundo vá melhor?

Peço desculpas por não haver contribuído para um mundo melhor, mas a meu favor e a favor dos de minha geração que, como eu, assistiam as peças do Plinio Marcos, éramos muito poucos e sobre nossos ombros caia o enorme peso de querer, ou não, mudar um imenso e corrompido mundo.

Confesso que falhei, confesso que falhamos. E quem duvida é só olhar em volta.

Mas, hoje, são muitos os que assistem aos infinitos senhores da razão, que ensinam como deveriam se comportar nossos dirigentes em todos os poderes. 

Explicando-nos que a segurança pública tem solução, que não deveríamos morrer nas filas do atendimento médico, que temos direito a não pisar em merda no meio fio da rua em que moramos.

Penso nos milhões que ouvem essas mensagens e sigo pensando que a maioria nada pode fazer, mas que há uma quantidade muito maior que antes, de gente que entende essa mensagem e escolhe não fazer nada.

E que me permitam adaptar a frase de George Santayana, “os povos que esquecem sua história estão condenados a repeti-la, porém aqueles poucos dentre esse mesmo povo, que estudam sua história, estão condenados a sofrer, ao ver como outros a repetem”.

E assim, alguns desses pobres condenados, vêm como se acabam suas esperanças e antes até de que se esgotem suas forças, escolhem a morte do entendimento e a alienação, diante da cacofonia que os rodeia e os enlouquece.





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