Rosivaldo Casant
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BRINCANDO, BRINCANDO, FOI QUE EU NASCI
Hoje, pela manhã, não foi diferente de tantas outras. Enquanto eu e meu irmão nos cumprimentávamos, desejando um bom dia e coisa e tal, como quase sempre ocorre nos nossos bate-papos, lembramo-nos de uma historinha do passado e demos muitas risadas
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BRINCANDO, BRINCANDO, FOI QUE EU NASCI
Hoje, pela manhã, não foi diferente de tantas outras. Enquanto eu e meu irmão nos cumprimentávamos, desejando um bom dia e coisa e tal, como quase sempre ocorre nos nossos bate-papos, lembramo-nos de uma historinha do passado e demos muitas risadas. Às vezes, o ocorrido foi uma experiência conjunta; outras vezes, só eu estava envolvido ou era mero espectador; e, em outras ocasiões, só ele estava. Numa dessas suas, ele contou, havia na sala de aula um carioca, meio “cosplayer” do Serginho Malandro, muito engraçado e se chamava Ocimar, que brincava com todo mundo e todos gostavam bastante dele. A professora que estava com os alunos numa certa feita, deu uma bronca no rapaz e exigiu que ele parasse de brincar; ao que ele, espirituosamente, respondeu:
— Brincando, brincando, foi que eu nasci, professora! (Com aquele “naisci” cheio de malemolência típica do Rio de Janeiro).
Como sempre, todos riram. Devo dizer que a professora também. E o Ocimar é lembrado com saudade pelo meu irmão e, acredito, por todos que compartilharam momentos com aquele sujeito de bem com a vida.
Falando em estar de bem com a vida, disse ao meu irmão que estou feliz porque no próximo mês eu farei o lançamento do meu livro de poesias e que em breve lhe enviarei um convite. Ele perguntou em que local seria o evento e eu respondi que havia algumas possibilidades, mas eu gostaria mesmo que a entrega do livro ao público fosse no Instituto Projeto Neymar Jr. Ambicioso, não? O NÃO, como dizem, eu já tenho, foi com o que me confortou meu mano.
E conversando sobre o craque de futebol e figura imensamente importante aqui para a Praia Grande e Baixada Santista, resenhamos sobre seu retorno à Vila Belmiro, depois de cerca de treze anos, tendo passado por equipes de futebol poderosíssimas no cenário mundial; conquistando campeonatos e se destacando por onde passou, causando admiração, idolatria, inveja, despeito e atraindo a fama de “pipoqueiro”, cai-cai” e outros adjetivos pouco elogiosos, principalmente na Copa do Mundo de Futebol de 2018. Ele sofreu muitas críticas, mas a verdade é que não foram só os torcedores do Peixe que sonharam com o craque de volta aos gramados brasileiros, senão que muitos outros, de muitos clubes grandes do Brasil, tendo-o como sonho de consumo. Repatriá-lo fez subir o sarrafo da modalidade esportiva mais querida de todo brasileiro. Num momento em que jogadores estrangeiros com grande qualidade atuam em terras tupiniquins, técnicos de fora dominam a cena nacional, é Neymar quem atrai para si todos os holofotes, fazendo-nos pensar que ele voltará à velha forma, sentirá aquele gostinho de fazer belos gols e juntará na camisa canarinho todas as expectativas de duzentos e tantos “milhões em ação ... naquela corrente pra frente”. Melhor parar para não suscitar nenhuma ilação que não seja a do prazer puro e simples de gritar “É HEXA, É HEXA!”.
Mas antes que isso se realize, é bom imaginar que o menino-rei, ou o Príncipe da Vila, como tem sido chamado, se comporte sempre à altura do Rei e de outros ídolos santistas, mantendo a humildade e a consciência de que um sem-número de crianças e adolescentes se espelham nele; tendo, além do mais, um sóbrio respeito aos adversários, entendendo que estarão extremamente nervosos, emocionados e encantados por dividirem o mesmo gramado durante os noventa minutos ou mais com a celebridade, quase uma divindade do futebol ali, diante de si.
Ocimar e Neymar. Um, uma pessoa comum; o outro, um craque reconhecido e famoso. Nomes que rimam, como na poesia, mas estão em parágrafos, páginas, ou até livros diferentes; é possível que jamais componham juntos um verso, uma estrofe; talvez haja uma pedra no caminho, diferente da pedra de Drummond, uma enorme montanha, intransponível; no entanto, há algo que os une: alegria e ousadia.
Brincando, brincando, foi que Ocimar nasceu; e com o nascimento o mundo recebeu a forte carga de alegria daquele rapaz. Brincando, brincando, nos campinhos da Baixada Santista, Neymar nasceu para o Santos, para o futebol brasileiro, para o mundo. Detalhes o impediram de receber a bola de ouro da FIFA, mas isso não o tira do panteão dos melhores jogadores do mundo de todos os tempos.
Já que o raio caiu duas vezes no mesmo lugar, vamos aproveitar toda a energia emanada pelo evento Neymar-de-volta-à-casa e vamos brincar, não no sentido da irresponsabilidade, atentando contra a vida e aos valores que mantêm a sociedade estável, mas tornando o mundo um lugar bom para todos, pois brincando, brincando, é que eu nasci. Brincadeira é coisa séria. Pergunte a qualquer criança. E quantas crianças não estão brincando de ser Neymar. “Brincadeira de criança, como é bom, como é bom!”
COMENTÁRIOS
Vera
em 21/02/2025
Brincando ,brincando Ocimar nasceu. Jogando,brincando, Neymar cresceu. Ambos terão o mesmo fim.