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São Paulo,21/11/2024

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Antonio de Paula Oliveira

Do Campo à Cidade: A Revolução Verde do Bambu.

Bambu: O Ouro Verde Da Natureza


Do Campo à Cidade: A Revolução Verde do Bambu. Algumas espécies de bambus

Bambu, o "ouro verde" das vastas florestas de Guadua, utilizado desde tempos imemoriais pelos povos indígenas na grande Pindorama. E que, mais tarde, os colonizadores descobriram o valor dessa matéria-prima colossal e versátil, que tem servido ao povo brasileiro desde antes da colonização até os dias de hoje.

O bambu tem uma história rica que remonta a milhares de anos. A maioria das espécies são originárias da Ásia, contudo existem bambus nativos por todos os continentes, incluindo o Brasil. Nos países asiáticos, há registro de seu uso desde a antiguidade. Lá, ele é amplamente valorizado por sua resistência, versatilidade, capacidade de renovação e abundância. Em diferentes culturas, o bambu é utilizado para construir moradias, produzir utensílios domésticos, alimentação e até mesmo utilizado como matéria-prima medicinal, até mesmo para absorção de carbono, para ajudar no combate às mudanças climáticas e como uma alternativa para a recuperação de áreas degradadas. 

Uma das maiores florestas nativas de bambu do planeta localiza-se na América do Sul, englobando parte da Bolívia e Peru, e a maior parte fica no estado do Amazonas e do Acre. Nessa região ocorrem grandes concentrações de bambus nativos da espécie Guadua. Os povos indígenas utilizavam o bambu no seu dia a dia para produção de diversos objetos: armadilhas de caça e pesca, arcos, flechas e cestos. Além de produzirem ocas e enfeites com o bambu, os indígenas ensinaram aos imigrantes Europeus, que aqui chegaram, a herança cultural de seu uso.

Por volta de 1814, desembarcaram em nosso país as primeiras espécies asiáticas que encontraram no solo brasileiro uma terra fértil para o desenvolvimento dos plantios em todo o território. Algumas variedades crescem até 20 centímetro por dia e a colheita se iniciou a partir do terceiro ano do plantio, podendo aproveitar 30 cortes em cada bambu.

A partir de 1850 surgiram as primeiras fábricas de celulose e papel no Brasil que usaram o bambu como matéria-prima. Algumas fábricas instaladas em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, aproveitavam a disponibilidade de extensas florestas de bambu em solo brasileiro. Também a facilidade de manejo; cortar e transportar o bambu do campo para as fábricas era uma tarefa menos dispendiosa e de baixo custo. Atualmente, poucos países utilizam o bambu para produção de celulose. Outros produtores mais modestos como Myanmar, Vietnam e Brasil produzem um tipo de papel mais resistentes para grandes embalagens como o cimento, através da fibra celulósica do bambu.

Para demonstrar as potencialidades do bambu aos agricultores em todo o Brasil, pesquisadores da Embrapa instalaram experimentos em comunidades rurais para testarem técnicas de seleção e colheita da planta, além de métodos de tratamento e processamento para garantir qualidade de utilização em diversas áreas. Na qual se utiliza o bambu. O pesquisador explica que a extração regular, com base em conhecimentos adquiridos através de estudos, permite que a colheita seja a metade da touceira para que ela produza novas plantas garantindo a manutenção dos bambuzais. Um trabalho científico que também analisou ao longo das pesquisas as possibilidades economicamente viáveis para os agricultores e compradores: “Temos imensas reservas naturais com espécies de Guadua tão resistentes, leves e flexíveis quanto a madeira convencional, que podem ser aproveitadas em diversos seguimentos da indústria e comércio. O clima tropical é muito propício para o cultivo de todas as espécies, incluindo as que vieram da Ásia e da África”, relatou Elias Miranda e Diva Gonçalves (MTb-0148/AC) Embrapa do Acre.

A herança indígena é fortemente visível na vida do homem do campo e o uso do bambu é um exemplo significativo dessa influência. Desde o período colonial, o homem do campo passou a utilizar o bambu de maneira versátil, aproveitando suas características de resistência e leveza para criar objetos essenciais para o dia a dia, como armas, cestos, esteiras, cercas, coberturas, estruturas para construções e utensílios diversos.

Homens que vivem em pequenas comunidades rurais ou mais isolados, longe das cidades, trabalham com a fabricação de balaios, peneiras, esteiras para carro de boi entre outros produtos feitos do bambu. Uma profissão que representa tradição que vai passando de geração em geração. São produtos rústicos, trançados com taquaras resistentes para o trabalho no campo. Muitos homens e mulheres são chamados de balaieiros que vivem do ofício artesanal. Uma sabedoria e habilidade herdada dos pais e avós que, ao longo do tempo, esses balaieiros vem aprimorando na lida com o bambu, escolhendo adequadamente a espécie e o corte do bambu para atender às necessidades específicas para os variados trabalhos. 

Paisagistas e arquitetos têm esbaldado no uso do bambu, usando a criatividade para aproveitar toda versatilidade e beleza que ele oferece para a produção de peças e construções ornamentais.  Eles conseguem integrar a natureza e arquitetura proporcionando um ambiente com sensação de tranquilidade e conexão com o meio ambiente. A capacidade estética, a textura e tonalidade variada conferem personalidade de harmonia e beleza aos projetos. A capacidade de equilibrar o rústico com o moderno traz requinte e aconchego, suavizando o ambiente com um visual equilibrado e apreciável.  




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