Rosivaldo Casant
DIA DO LIVRO (LIDO)
Esta semana tivemos a comemoração do Dia Nacional do Livro, mais precisamente 29 de outubro
DIA DO LIVRO (LIDO)
Esta semana tivemos a comemoração do Dia Nacional do Livro, mais precisamente 29 de outubro; e no próximo domingo será o dia do meu aniversário. Qual a relação entre as duas datas? A minha vida sempre esteve relacionada com livros, desde os anos de alfabetização. Lembro com muito carinho e cheio de saudade das noites em que eu, meu irmão e meus pais visitávamos meu tio José Martins e minha tia Inácia. Eu tinha que levar minha Cartilha Caminho Suave e exibia tudo o que havia aprendido nos últimos dias. Eles gostavam, elogiavam e eu seguia aprendendo e gostando de ler.
Quando cheguei ao curso ginasial, encontrei um terreno fértil para me aprofundar na literatura. Fui apresentado ao “Cazuza”, de Viriato Corrêa. As histórias narradas falavam muito de perto ao coração da gente, tanto que não conheço alguém que tenha lido e não se lembre com emoção dessa experiência de leitura.
Já por essa época, meu pai comprava fascículos e os encadernava, passando a colecionar enciclopédias como a Conhecer, a Médica, O Pensadores e muitas outras. Ele era um homem de pouca instrução, mas fazia questão de propiciar aos filhos o material de pesquisa e ampliação de conhecimento. Eu o via frequentemente folheando e lendo algum desses livros.
Estudei alguns anos num colégio confessional, que me deu acesso a uma biblioteca com coleções inteiras de José de Alencar, Machado de Assis, Victor Hugo e vários outros autores geniais. Complementarmente, eu frequentava a Biblioteca Machado de Assis, no Riacho Grande, São Bernardo do Campo, cujo lema era “Quem lê, vale mais”. Nesse recinto me apaixonei pela Série Vaga-Lume, da Editora Ática. Dentre tantos, trouxe-me muitas lições Menino de Asas, de Homero Homem. Marcos Rey é o escritor dessa série que lidera um grupo enorme de maravilhosos autores; por isso, recorrentemente sempre estiveram presentes nas minhas aulas e nos meus textos.
Compartilhando ideias com minha esposa sobre este texto, despertei nela lembranças bastantes parecidas com as minhas. Outras também lhe vieram à mente no que respeita à questão dos fascículos. Tanto minha sogra como sua irmã colecionavam revistas, que depois eram encadernadas, sobre costura, tricô e crochê, além de ponto cruz. Claro que não eram romances, era uma leitura específica, mas também gerava conhecimento.
Se considerarmos que muitos livros eram confeccionados em tabletes de argila e que muitos de nossos antepassados aprenderam a escrever e ler em lousas rústicas em que se grafava as letras com carvão — os que conseguiram a proeza da alfabetização — ou na escrita na areia com um graveto, como o “Poema da Virgem Maria”, por José de Anchieta, por certo não há quem tenha dúvida sobre a evolução tecnológica da escrita e a facilitação da leitura de livros. A tecnologia permite que se possa ler nos formatos e nas plataformas digitais se tivermos algum contratempo com a modalidade física. Somos privilegiados! Há cerca de uns trinta anos, eu tinha um razoável acervo de livros teológicos, que pude vender para me recapitalizar, entendendo que o futuro possibilitaria pesquisar o que eu quisesse na internet; e não é que é isso mesmo?
Confesso que tenho, há muito tempo, uns três textos prontos sobre livro que poderia utilizar nesta coluna sem a menor dificuldade, mas resolvi compartilhar essas minhas reminiscências porque apesar de saber que há muita gente que partilha do mesmo apreço pelos livros, há quem se descuide completamente do alimento intelectual. O apóstolo Paulo, recomendando o seu amigo Timóteo que lhe levasse alguns objetos para a prisão, dizia que ele não devia esquecer-se da capa (agasalho), para aquecer o seu corpo; os livros (conhecimento), para alimentar seu intelecto; e, sobretudo, os pergaminhos (a Palavra de Deus), para dar sustento a sua alma.
Há pessoas, que amo e respeito, que dizem que sou um pouco agressivo quando insisto que os destinatários dos meus escritos acessem o material e leiam. Quase chego a recolher as armas da persuasão, desistindo de convencer um ser humano adulto do que quer que seja. Mas, o professor que reside em mim e me possui se contorce todo e, não se contendo, procura convencer as pessoas a lerem, não só o que escrevo, mas tudo o que for possível. Assustam-se quando afirmo que leio até bula de remédio, ata de condomínio, manuais de instrução de como usar os aparelhos que compro (eu não lia). Lembrem-se: Quem lê, vale mais. Tenho um amigo, pessoa muito simples; resolve quase todos os problemas de quem busca sua ajuda; ele abre o google para as coisas que não domina e presta socorro como um técnico experimentado. Vale mais, ou não vale?
A razão da existência de um livro é ser lido. Nem servem mais para enfeitar salas e escritórios. Uma quantidade muito grande de livros numa estante da sala conferia certo status; por exemplo, uma Larousse; eu tive quando já nem era mais tão importante ter. O que valeu mesmo e continua a valer são as vezes que ela me retornou positivamente uma pesquisa. Valeram os livros que li.
COMENTÁRIOS
Osman
em 02/11/2024
O melhor professor em vocabulário é o bom e velho livro.Quando o livro é bom da vontade de ler várias vezes .
Antonio
em 01/11/2024
Lendo sua tão oportuna crônica sobre o valor da leitura, lembro-me lendo Machado de Assis na adolescência. Era uma sugestão de um professor lá do Colégio Pio XII em Belo Horizonte. Valeu demais! Parabéns!
Vera
em 01/11/2024
A nossa formação foi bem diferente. Poucos Livros, mas lidos por alguns estudantes.Hoje temos muitos livros pouco lidos.
Rosivaldo
em 01/11/2024
Antonio, devemos ser gratos aos professores que nos desafiaram a fazer descobertas fantásticas na leitura de clássicos ou não da literatura brasileira e mundial.Vera, é verdade! É por isso que devemos insistir em que se aumente o número de leitores no país; isso fará a diferença nos grandes avanços que se pretende para a nação; mas, mais que tudo, aumento a quantidade de corações sensíveis.