Rosivaldo Casant
ANIMAIS MARINHOS NA PG
Deparamo-nos com uma enorme tartaruga tombada e sem muitas chances de retornar à posição que lhe permitiria retornar ao mar
*ANIMAIS MARINHOS NA PG
Ainda colocando as impressões do período “fique em casa” que o resto a gente vê depois, trago na íntegra a reflexão no Facebook, na data que vai anotada no final desta crônica.
“Há cerca de dois meses não dou as caras por aqui, deixando minhas impressões sobre o dia a dia na PG. Vida corrida de professor em atendimento remoto dos pupilos, intercorrências na saúde de familiares e amigos, perda de pessoas queridas e agravamento de outras questões relacionadas à pandemia vigente, enfraqueceram meu desejo de tomar a pena e escrever, diriam os antigos (e olha que não sou jovenzinho!). Mas, aqui estamos! Prontos para mais um encontro crônico! (Entendam como desejarem o jogo de palavras).
Então! (Como está na moda dizer quando não se sabe o que falar – mas eu tenho o que falar, sem muito esforço para puxar da memória!). Então, acompanhem-me no relato de algumas experiências incríveis vividas nesta fantástica estância praia-grandense.
Há algum tempo, eu e Tata fazíamos uma caminhada de fim de tarde, na sequência de um dia de muito sol e praia lotada. Era ali pelas imediações da Guilhermina, quase alcançando a Aviação. Deparamo-nos com uma enorme tartaruga tombada e sem muitas chances de retornar à posição que lhe permitiria retornar ao mar. Nós a desviramos e a erguemos, devolvendo-a às águas. Nossa! Que sentimento gostoso de ter contribuído com a natureza, como um escoteiro fazendo sua boa ação, sabe? Desejamos que o animal, agora nas atividades que lhe são próprias, esteja livre pelas correntes marinhas afora, não tendo se embaraçado em nenhuma rede de pesca e tão pouco se desviado de seu curso migratório.
Outro dia, repórteres de uma das emissoras que mais cobrem os eventos da Baixada Santista trouxeram uma matéria com a filmagem do que parecia um balé de uma baleia jubarte, no Canto do Forte. O vídeo havia sido cedido por um cinegrafista amador e podia também ser visto no YouTube.
Em certa tarde, também na Guilhermina, observamos que muitas pessoas olhavam para as ondas calmas que se espraiavam por ali. Só entendemos a mobilização quando nos aproximamos e vimos, na parte rasa, um número incontável de pequenas arraias exibindo-se e comportando-se como se compreendessem o embevecimento dos espectadores. Que privilégio poder assistir a tudo aquilo, é o que pareciam pensar todas aquelas pessoas paradas ali contemplando o inusitado!
Há duas semanas, um grupo de golfinhos também se exibia no canto do forte. Foi notícia nos telejornais por bons dois dias. Extraordinário porque antes recebíamos as informações como meros telespectadores e hoje compomos o cenário, aos menos como caminhantes que se detêm, num dia ou outro, aqui e ali, nesse namoro com a natureza.
Dentre todos os visitantes marinhos, tartarugas são, possivelmente, os mais comuns em Praia Grande. Infelizmente, nem todas são encontradas com vida; isso, inclusive, já ocorreu conosco; não é uma boa experiência encontrar um cadáver marinho, geralmente enroscado em redes de pesca e se decompondo
A mais recente aparição foi a de um pinguim, sexta-feira última; provavelmente distante das rotas de migração e, por consequência, perdido de seus iguais. Nestes casos, por sorte, as pessoas seguem a orientação, que também aprendi a seguir, de chamar as autoridades ambientais para que resgatem os bichinhos, cuidem de sua saúde, reabilitando-os e os devolvendo ao seu habitat, conforme protocolos internacionais.
Eu gostaria de ficar aqui falando das minhas experiências e, também, das de outras pessoas em relação a esses encontros quase rotineiros, como os de mar e praia, baleias exibindo-se, golfinhos fazendo firulas, tartarugas só pedindo uma mãozinha, pinguins precisando de uma pequena ajuda para retornar ao grupo, mas há o outro lado da moeda: seres que são sacrificados por causa de gente irresponsável e inescrupulosa. Então, para fechar esta crônica, “eu vou chamar o meu amigo” Roberto Carlos: “Eu queria poder afagar uma fera terrível/ Eu queria poder transformar tanta coisa impossível.../ E as baleias desaparecendo por falta de escrúpulos comerciais/ Eu queria ser civilizado como os animais.../ E das águas dos rios os peixes desaparecendo.../ Eu não posso aceitar certas coisas que eu não entendo.../ Eu queria falar de alegria ao invés de tristeza mas não sou capaz.../ Não sou contra o progresso/ Mas apelo pro bom-senso/ Isso é o que eu penso. (Alguns versos da canção O Progresso, de Roberto Carlos).”
*09/7/2021 - Publicação no Facebook, Portal da PG, página pessoal.
COMENTÁRIOS
Rosivaldo
em 27/10/2024
Verinha, a continuara assim, comentando com tanta poesia as minhas crônicas, meus amigos do Sensus talvez a convidem para marcar mais robustamente sua presença aqui, escrevendo seus textos que são muito bons. Vou gostar muito, acredite!
Vera
em 25/10/2024
Que lindas imagens essa crônica nos oferece. Uma sinestesia, tato, tocar nos animais, praia, água...cheiro dos bichinhos, mar, do suór...., sabor salgado do mar, visual das imagens e cores do local e bichos e sonoro, barulho de gente, dos animais, do mar......Como é boa essa sensação de vida!