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São Paulo,12/11/2024

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Antonio de Paula Oliveira

Transformando Vidas

Uma Fazenda que produz areia


Transformando Vidas

Logo após o café da manhã, deixamos Imbassaí para irmos à Camaçari e seguimos pela estrada do coco na Via 99. Os 57km que separam essas duas localidades, oferece um passeio com um visual deslumbrante. Sempre pelo litoral, passando por Jacuípe, Itacimirim, Guarajuba e outros lugres que apresentam um dos mais belos visuais baianos. É uma mistura de belezas naturais e sofisticação em infraestrutura turística, com disponibilidade de resorts, pousadas e rede hoteleira. Um lugar perfeito para desfrutar de toda a beleza singular da Bahia.

Camaçari, que em linguagem Tupi-Guarani significa “a árvore que chora”, é um município de economia pujante. O Polo Petroquímico foi o primeiro complexo planejado do país, tem mais de 90 grandes empresas química e petroquímicas e de outros ramos de atividade como celulose, metalúrgica do cobre, bebidas, fertilizantes, equipamentos para produção de energia eólica, pneus, serviços e fábrica de automóveis BYD.

O ditado popular diz em tom jocoso: “enquanto descansa, carregue pedra”, sempre ouvimos de nossos pais. Contudo, digo que enquanto estou passeando sempre fico de olho em histórias interessantes que podem dar ótimas crônicas ou outro gênero jornalístico. Gosto de perceber os detalhes do dia a dia, as pequenas coisas que passam despercebidas, mas são interessantes. Principalmente relatos de pessoas, histórias de vida, atitudes e coragem.

O motivo da viagem nem era para falar de empreendedorismo, foi para estreitar o laço de amizade, respeito e admiração à família de Adelícia e Antonio Ferreira. O casal que tem uma trajetória de superação, de coragem para enfrentar as resistências que a vida escancara todo tempo e, principalmente, da certeza de que é preciso arregaçar as mangas e erguer os olhos aos céus. Ele, que é devoto de Santo Antonio, segue acreditando em todas as possibilidades que virão. Ferreira, como é tratado por todos, não se arrebata com números, construir laços, oferecer trabalhos e ter em cada funcionário o respeito e admiração é a maior característica do empresário que conduz juntamente com a família todas as empresas em seguimentos diversos. 

Seria preciso muitas páginas para falar sobre a trajetória de Antonio Ferreira, mas isso eu contarei em outra ocasião. Hoje, iremos conhecer uma fazenda que produz areia: o Areal.   


Ferreira vai dirigindo a caminhonete pelas ruas da grandiosa Camaçari, uma cidade industrial com 319 mil habitantes e o segundo município mais rico da Bahia, com o produto interno bruto que alavanca a economia do Estado. Depois de sairmos da cidade e percorremos uma estrada pavimentada, chegamos em uma via terrestre, castigada pelo fluxo de caminhões e carretas carregados de areia. 

Ferreira vai procurando o lugar mais trafegável, ora chamando pelo rádio alguém das empresas para dar orientação ora para se informar sobre os trabalhos. Ele fala sobre muitas coisas, pessoas, empresas e política, sempre bem-humorado e alegre, não o ouvi reclamar de nada em nenhum momento. Contudo, nossas conversas se convergiam reiteradamente à fazenda do Areal, devido as minhas contínuas perguntas.

Na entrada, o guariteiro abre a cancela para entrarmos, de um lado fica a balança de caminhões e do outro lado um galpão com ar-condicionado, inúmeros computadores e alguns funcionários. Ferreira cumprimenta a todos, faz perguntas e depois aciona a tração da caminhonete para adentrarmos na área onde extrai a areia. Montes brancos vão surgindo à nossa frente, muitas máquinas gigantescas trabalham em várias frentes de trabalho. São escavadeiras hidráulicas, tratores, pá-carregadeiras e muitos caminhões sendo carregados de areia. Os ruídos dos motores e toda a movimentação de caminhões não param, percebe que a demanda pelo produto nas construções de edifícios, casas, estradas e outras infraestruturas têm uma dinâmica que reflete a urgência e a intensidade do trabalho. Quando nos afastamos, Ferreira parou a caminhonete para conversar com um operador de máquinas.

— Você é o Odair, recém-contratado?

— Sou eu mesmo, seu Ferreira.

— Está satisfeito aqui na empresa, Odair?

— Graças a Deus! — respondeu o rapaz franzino de pele marcada pelo sol e sorriso à mostra, segurando no comando da escavadeira.

— O que você fazia antes de vir para cá?

— Fazia cerca de arame nas fazendas, seu Ferreira.

— O salário aqui está melhor para você?

— Bem melhor, seu Ferreira. Graças a Deus.

— Fico feliz que tenha ocorrido esse aumento de salário, você é bem recebido aqui na empresa.

Passamos em uma área muito verde, um pouco adiante da área de extração, mas dentro da fazenda. Árvores nativas que pertencem ao bioma da região e outras espécies da Mata Atlântica, espigam em uma vasta área que se estende a perder de vista. A fazenda faz parte do projeto de reflorestamento, é um dever e compromisso com a sociedade e com o meio ambiente. O processo de reflorestamento tem como objetivo restaurar o ecossistema, recuperar o solo e prevenir erosões, segundo Ferreira. 

Ainda visitamos um grande galpão de estrutura pré-moldadas e muitas máquinas pesadas sob um teto galvanizado. Ferreira chamou um funcionário pelo nome e perguntou sobre a bomba injetora da pá-carregadeira, disse-lhe que o maquinário, para produzir areia seca desidratada, iria chegar na próxima semana. As grandes indústrias do Polo Petroquímico urgem pressa da nossa produção de areia seca, comentou Ferreira.

Quando retornamos para a cidade já era noite, Camaçari apresentava um trânsito carregado, como em outras grandes cidades.

 — Vamos comer carne de Calango com farofa — disse Ferreira.

— Carne de calango! 

Betinho, o motorista do retorno, que também é da família, estacionou o carro em uma rua estreita, de frente para um boteco. Muitos homens na calçada em volta de um balcão de tábua que separava o interior do estabelecimento com eles, bebericavam e falavam todos ao mesmo tempo. Depois soube que Calango era o apelido do comerciante, a carne de panela com farinha veio em boa hora, pois estavam saborosas. Muitos homens ali ficaram em volta do Ferreira com certa alegria, por assim dizer. Alguns conhecidos ou amigos, ainda tiraram selfie com ele antes de sairmos. Foi um dia proveitoso, não só pela visita a fazenda, mas principalmente pela companhia dos amigos da expedição e pelas histórias inspiradoras do Ferreira.

Ao final da nossa visita a fazenda do areal, me senti fulminado pelos conhecimentos que Ferreira me repassou. Sua experiência e visão sobre produção e relacionamento com funcionários, não apenas enriqueceram meu entendimento, mas também me inspiraram a refletir sobre o valor do trabalho e as práticas sustentáveis que ele aplica em todos os seguimentos de suas empresas. 



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