Antonio de Paula Oliveira
Gigantes do Mar: Projeto Tamar
A vila da Praia do Forte é um destino que não tem erro.
Andando pela charmosa vila da Praia do Forte, logo se percebe a beleza do lugar agradável e bonito que mais parece ter saído dos livros de contos de fadas. O casario é colorido com fachadas charmosas que estão sempre oferecendo alegria aos transeuntes.
O comércio na vila é um espetáculo à parte. São centenas de lojas que se estendem ao longo do calçadão. Restaurantes pizzarias, crepeiras, sorveterias e outros estabelecimentos diversos. As pessoas andam de um lado para o outro esbanjando entusiasmo e sorrisos. Cãezinhos e gatos também participam das caminhadas. Muitos bichanos ficam sobre as muretas e portões de olho em algum cãozinho mais nervoso.
A vila da Praia do Forte é um destino que não tem erro. A felicidade parece estar em cada esquina, é um pedaço do paraíso onde turistas e nativos se encontram e se perdem no tempo ouvindo o som de uma banda de Salvador, ecoando por todos os cantos. Ali, a vida parece mais leve e alegre com uma sinergia harmoniosa que conecta e fortalece o desejo de momentos de paz e serenidade.
Em frente à Praia do Forte, fica a Capelinha de São Francisco de Assis. Uma arquitetura em estilo colonial datada de 1900, em cor branca com portais azuis e uma cruz de madeira na cúpula, para oferecer proteção aos pescadores que ancoram seus barcos bem em frente à praia. Todas as manhãs, os barcos deslizam nas águas azuis do oceano, levando os pescadores para mais um dia de trabalho no mar. Quando as ondas desafiam a coragem dos pescadores, eles erguem os olhos à cruz para pedir proteção a São Pedro através de São Francisco de Assis. Andamos mais alguns metros, pagamos o bilhete de entrada que custa R$44 e nos enchemos de expectativas.
O projeto Tamar, “tartarugas Marinhas”, foi criado em 1980, surgiu da indignação de estudantes de oceanografia que testemunharam a quantidade de tartarugas que eram exterminadas pela pesca. Quando o então recém-formado em oceanologia, José Catuetê de Albuquerque, e Guy Marcovaldi decidiram criar o projeto para proteger as tartarugas do litoral brasileiro.
As crianças da família estavam eufóricas para ver todos os animais e corriam de um tanque para outro sob a nossa vigilância. Fui aos poucos me afastando do grupo familiar, me ocupara em fotografar, filmar e fazer perguntas as biólogas que ia encontrando. Como jornalista em busca de histórias fascinantes e relevantes, não poupei em indagação. As biólogas sempre sorridentes e com informações científicas e práticas me atenderam com disposição e simpatia. Me falaram sobre os acompanhamentos de ninhos nas praias, o processo meticulosamente planejado, desde o momento em que os ovos são encontrados até o momento que as tartaruguinhas são liberadas no mar. Um dado impressionante que a bióloga Larissa me falou foi sobre a baixíssima sobrevivência dos filhotes. Segundo ela, em um lote de 1000 tartaruguinhas, somente uma chegará a idade adulta.
No alto falante do projeto, o locutor avisa que às 16h o tratador de tubarões irá alimentar os animais, dando-lhes comida na boca. Todos se aglomeraram em volta do tanque. Jamais soubera dessa profissão, mas os tratadores de tubarões são profissionais com conhecimentos específicos e que têm todo cuidado ao manusear e cuidar de maneira segura e eficaz aos maiores predadores marinhos. Depois de alimentados, a criançada pode correr a mão no dorso dos animais, inspecionados pelo tratador, é claro! E ainda levar fotografias profissionais da inusitada aventura.
A visita ao Projeto Tamar não foi apenas um passeio turístico ou uma aula sobre conservação das tartarugas, mas um lembrete da importância que devemos divulgar sobre a proteção do meio ambiente. Os 22 projetos Tamar espalhados pelo Brasil demonstram a brilhante dedicação dos profissionais para reverter o impacto negativo das atividades humanas sobre o meio ambiente. É uma experiência bem-sucedida de conservação marinha que se destaca como um farol de esperança e um modelo de sucesso a ser seguido.
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