Em um mundo onde os valores tradicionais estão sob ataque constante e a esquerda avança como um rolo compressor, pregando suas agendas identitárias, vitimistas e assistencialistas, é natural que uma parcela da direita, conservadora e cristã, encontre em Vladimir Putin uma figura que parece resistir a essa maré de desordem ideológica. Mas o que faz, afinal, alguns conservadores, tradicionalistas e até capitalistas olharem para Putin com uma certa admiração?

Primeiramente, é preciso compreender o cenário atual. A esquerda, especialmente na Europa e nas Américas, se transformou em uma espécie de circo ideológico, onde teorias clássicas e seculares da civilização ocidental são desprezadas em nome de um pseudo-progressismo. Qualquer pessoa que ousa falar sobre mérito, esforço individual, ordem ou respeito aos valores cristãos é taxada de fascista. O discurso hegemônico da esquerda global ignora a história e, pior ainda, insiste em modelos falidos como o socialismo e o comunismo, que, onde quer que tenham sido implantados, só trouxeram fome, miséria, expropriação, e um nível de repressão estatal que faria inveja aos piores déspotas da história.

Nesse contexto, Putin surge aos olhos de muitos conservadores como um líder que rejeita o globalismo e defende uma soberania nacional intransigente. Ele se coloca como guardião dos valores tradicionais, algo que vai ao encontro do que muitos na direita defendem: a preservação da família, o respeito à religião, e a rejeição às imposições morais e culturais da agenda progressista ocidental. Putin expulsa as ideologias identitárias, fecha as portas para as pressões do politicamente correto e desafia abertamente o intervencionismo de entidades supranacionais que querem regular até o que um cidadão pode ou não pensar.

Além disso, a admiração por Putin não se trata de uma defesa incondicional de todas as suas políticas internas ou de seu histórico controverso. Trata-se de uma reação ao vácuo de lideranças que realmente defendam o que a direita tradicional valoriza: a manutenção de uma sociedade que preza pela ordem, pelo respeito aos valores cristãos, pela economia de mercado sem os grilhões de um estado assistencialista inchado, ineficiente e, frequentemente, corrupto.

Putin, com todas as suas imperfeições, personifica um “não” retumbante ao globalismo desenfreado, à ideologia de gênero, e à desconstrução sistemática da moralidade cristã. Ele é visto como um defensor de uma Rússia soberana, um país que desafia as imposições ocidentais e não se submete a um globalismo autoritário disfarçado de diplomacia.

Para muitos, ele representa o que falta no Ocidente: líderes que coloquem suas nações em primeiro lugar, que não se ajoelhem perante a ditadura do politicamente correto e que se recusem a entregar o futuro de suas sociedades para burocratas que nunca foram eleitos e que vivem de impor suas agendas progressistas às nações soberanas.

Assim, o flerte de uma parcela da direita com Putin é, na realidade, um sintoma de um Ocidente que se perdeu em sua própria hipocrisia e covardia. É o reflexo de um cansaço generalizado com um discurso que prega a virtude enquanto destrói o mérito, que fala de inclusão enquanto exclui a liberdade, e que insiste em políticas fracassadas enquanto destrói tudo o que o Ocidente levou séculos para construir. Putin, com todos os seus defeitos, pelo menos, resiste. E, para muitos, isso já é um alívio.

Miguel Marx

Advogado pós graduado em Direito Constitucional OAB 20.379

Médico mestre em CTI CRM 14.812

1º Tenente EB, especialista em Inteligência Policial e Prisional

Doutorando CAPS 4