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São Paulo,19/09/2024

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Sydnei Migli

“NEM FRIO NEM QUENTE, APENAS O VOMITO DA MINHA BOCA”

Quando a fofoca e o Bla´Blá Blá, são o que importam.


“NEM FRIO NEM QUENTE, APENAS O VOMITO DA MINHA BOCA”

Acredito que o mais difícil pra quem escreve sobre política e comportamento, é conseguir enfoques que não sejam apenas uma repetição dos inúmeros e repetitivos comentários que estão inundando os meios com os quais nos comunicamos.

Embora a mesmice sempre me incomodou, mesmo antes desse irrespirável ambiente em que vivemos hoje. É agora que parece estar alcançando o seu auge. O que reflete algo que me entristece como pessoa e como brasileiro. 

Não nos importam as soluções, importa a fofoca. 

Seja se a cara da Janja, depois da “demonização facial” ficou parecendo o Estênio Garcia, ou se o Gayer ou o Nicolas postaram seu mais novo comentário nas redes.

Isso me faz lembrar uma antiga música dos Engenheiros do Hawai, que dizia que “o Papa é Pop”, querendo dizer-nos que, não importa quão solene ou importante seja a figura. Nossa sociedade o populariza o massifica e nessa transformação, também acaba retirando esse caráter solene das personalidades.

E se isso passa com pessoas com alguma relevância, imaginem o que acontece com as mensagens que nos chegam. 

Se poderia dizer” a mensagem é Pop”, tão Pop que perde o sentido.

Olhem comigo, agora mesmo Deputados Federais ou Senadores são Pop, acumulam milhões de “seguidores” e não passam um dia sem enviar suas mensagens. Num acúmulo imparável de informação a tal ponto que deixam de ser mensageiros e passam a ser, em si mesmos a própria informação. Nos informam que a coisa vai mal, que o Pacheco, o Lira e o Alexandre, são isso ou aquilo, não importa o que sejam, são maus.

Aí eu lhes pergunto, qual a novidade nisso?

 Não há um brasileiro que não saiba isso, é chover no molhado, é inflacionar o conhecimento de algo que já se sabe, tornando-o cada vez menos valioso.

O público que os acompanha os vê por distração, já faz parte do seu dia a dia, virou rotina. 

A rotina, esse bichinho insidioso que nos come por dentro, destruindo relações e transformando, às vezes, a vida em uma coisa tediosa. Isso acaba por entorpecer os sentidos dos seguidores, ao ponto de não mais importar o conteúdo, afinal é quase sempre a mesma coisa. 

Além do mais, passam-se os dias, que se transformam em meses, que viram anos. E mais uma legislatura se acaba e toca votar outra vez, os seguidores nem se deram conta que nada mudou. Até pelo contrario, as coisas pioraram, mas eles têm o consolo de haver seguido seus Deputados e Senadores preferidos, sentaram o dedo nos Likes, passaram pra frente. 

Essa é toda a ação a que podem almejar e ao que parece lhes satisfaz.

Passa o mesmo com o jornalismo, acabo de ver o Lara Mesquita e ele, analisando o fenômeno Marçal, nos alerta contra o oportunismo e a dupla moral da política. Também em tom sossegado e calmo, que é o que lhe caracteriza. Previne a todos que, estamos na beira do precipício e nos diz que pensemos bem em nossas decisões, pois não temos muita margem de erro.

E daí? Quem ou o que nos poderá ajudar?

Mensagens como essa do Fernão, são a tônica do jornalismo “sério” que ainda resta no Brasil. No entanto, mesmo sabendo que a ele ou a seus colegas,  em condições normais, não os compete encontrar soluções, mas apontar os erros.

No Brasil de hoje é cruel, que uma pessoa seja ela um jornalista, que domina algo de cultura e tem experiência de vida, ou um político que foi eleito pra solucionar problemas. Apenas nos tragam fatos e comportamentos que já estamos carecas de saber.

Tanta analise ou tanto discurso, por si só não bastam. Pois agindo assim essas pessoas, sejam políticos ou jornalistas, parecem sempre estar posando de que são os sabe tudo, que poderiam solucionar os problemas nacionais, mas que, como um professor diante dos seus alunos, faz a pergunta e deixa a resposta no ar. Lição de casa pra população, semi ignorante.

Cuidado que aí vem o lobo!!!

Mas como podemos enfrentar esse lobo? Que instrumentos existem à nossa disposição pra impedir que o lobo coma nossas ovelhas ou a nós mesmos? 

Nessas horas me dá uma tristeza, pois me dou conta que, apenas participamos de uma pantomima, que para maior tristeza, é cruel e muitas vezes assassina. 

E me vem à mente uns versos do Taiguara... 

...e me dá uma inveja dessa gente,

que vai em frente,

sem nem ter com quem contar...

Aí me dá uma tristeza no meu peito 

feito um despeito de não ter como lutar. 

E eu que não creio, peço a Deus por minha gente

 É Gente Humilde que vontade de chorar.

Essa é a pantomina real e dolorosa, onde se somamos todos os seguidores das redes sociais, temos que eliminar uma boa parte que é concomitante, estão em mais de uma ao mesmo tempo. E levando em conta a avalanche que acabo de descrever e que deixa pouco resíduo nas memórias.

Quantos podemos imaginar em um país de 220 milhões estão, realmente, mais que antenados, mas preocupados pelo “destino nacional”?

Há muito tempo não voto, embora o pudesse fazer desde aqui, eu não voto. Poderia inclusive votar nas eleições espanholas ou europeias. Não o faço.

Tão pouco espero que meu exemplo se difunda, pois sei que à grande maioria isso parece algo errado. No entanto, aos que detêm um espaço, um microfone e posam de doutores do saber e do poder, por que não ajudam com suas opiniões a orientar a um povo do qual também fazem parte? 

A menos que todos estejam satisfeitos e conscientes de fazer parte da pantomima e que ao final, o que importa é conseguir viver bem e posar de valente, com palavras mais insípidas que um copo de água morna.

Aliás, como um dia Alguém disse: 

 “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”.




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