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São Paulo,19/09/2024

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Antonio de Paula Oliveira

Um Roteiro Fragmentado pelo Tempo

Belo Horizonte


Um Roteiro Fragmentado pelo Tempo

Chegamos a Belo Horizonte em uma manhã de clima ameno. O inverno principiava e a estação apresentava sinal de muito frio nas Alterosas. Haja vista que esse nome se deu através de um decreto n°1058 de 31 de dezembro de 1943, o município passou a denominar-se Alterosa. O nome está ligado ao relevo montanhoso, a cidade das montanhas – Alta e Majestosa. 

Após passear pela charmosa cidade de Araxá e mergulhar na tranquilidade e beleza de suas fontes termais, depois de descermos a Serra da Saudade com respingo de olhares à majestosa Mantiqueira, atravessamos Betim e Contagem pela Avenida Amazonas. 

Na Cidade Industrial, pegamos uma via a direita para chegarmos ao Barreiro. Foi ali, naquele bairro, que passei boa parte da minha infância até chegar a fase adulta, entre jogar bola no Comercial ou nas quadras do Colégio Santa Rita, onde estudei. Gostava de pedalar nas trilhas da Serra do Rola Moça e ao anoitecer dar uma escapulida para se embalar nas noites dançantes do Tora, onde podia se encontrar as mais belas garotas da região. Já nas madrugadas, precisava refazer as energias com um X-Egg bacon, ou um mexidão mineiro recheado de bacon, ovos mexidos, couve e condimentos diversos. 

Todas essas passagens ficaram registradas nas memórias. Deixando a nostalgia nos tempos idos, seguimos pelas ruas do bairro em direção a casa da Zélia. Tocamos o interfone, mas ninguém atendeu. Nos dirigimos para a casa da Júnia, outra irmã. 

– Ligue para ela, Antonio de Paula, talvez não esteja em casa também.

Júnia atendeu com a mesma alegria de sempre, ficou surpresa e disse que já ia preparar o almoço. Já estávamos a caminho e logo chegamos. A amabilidade calorosa que somos recebidos por todos os familiares ao retornarmos à Belo Horizonte e nas outras cidades onde residem outros familiares, nos enche de alegria e conforto. A bondade e o espírito fraternal que vivenciamos, mesmo com a ausência, continua florescendo entre nossa família. Isso é muito bom.  

As intermináveis conversas, impossibilitaram de nos atermos a hora, só notamos quando as primeiras luzes se acendiam nas ruas. Tentamos elaborar um roteiro para aproveitarmos bastante Belo Horizonte, mas quase não dava certo. Saiamos pela manhã e só retornávamos ao final do dia. 

Já no segundo dia, fomos ao Mercado Central, um lugar incrível, cheio de vida e sabor. Lá se encontra de tudo um pouco, mas o que chama a atenção são as guloseimas típicas. O fígado com jiló é um dos pratos mais famosos e é uma tentação. A mistura do fígado temperado com jiló, levemente amargo cria um sabor único que muitos gostam. Além disso, o mercado é conhecido pela variedade de queijos, são muitos tipos, todos produzidos em Minas Gerais, para todos gostos e texturas, desde os tradicionais até os mais exóticos. Cada banca oferece uma provinha aos fregueses. 

Reservamos uma noite para irmos ao Palácio das Artes assistir ao show "As Cores do Clube da Esquina". Muitos artistas mineiros como Flávio Venturini, Lô Borges, entre outros se apresentaram, a orquestra Filarmônica Ramacrisna também mostrou o seu talento. Aos poucos, fomos visitando os locais estabelecidos para passeio, como a Igreja São Francisco Assis na Pampulha. Nesse dia aproveitei a proximidade da Toca da Raposa e demos uma passadinha por lá. Não deixamos de visitar também o Alto das Mangabeiras, a Praça da Liberdade, de tomar um drink na Savassi, um descortinar no alto do Topo do Mundo, um jantarzinho de comida de boteco e explorar os museus. Mas desta vez não revisitaremos Inhotim

Nossos prolongados encontros se deram à noite, pois os familiares estão na ativa, a vida cotidiana deles é marcada pela rotina dos compromissos profissionais. Isso os impedem que eles se disponibilizam para nos acompanhar em nossas visitações aos lugares. Quase sempre, nosso paradeiro habitual fora na casa da Ilma, minha outra irmã, um cantinho aconchegante cheio de luz. Lá o jantar saía mais tarde e o café da manhã mais cedinho. 

Hora de arrumar as malas, abraçar os familiares, guardar os sentimentos no coração e não deixar que os olhos se marejam nas emoções. A estrada nos aguarda.



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