Renato de Oliveira Lopes
E o óscar vai para Oppenheimer
Obs. Esse artigo não é sobre Oppenheimer
Eu sei que o Hype já passou, nem sei se teve Hype na verdadeestou de férias refletindo em todas as escolhas que fiz e cogitando mudar devida, pensando na quantidade de trabalho que tenho, quando voltar, isso ficapara um outro artigo.
Porém acho justo para quem lê, se é que alguém lê, pedirdesculpas pela pouca atividade da coluna os motivos, sempre o mesmo, tempo, eolha que estou de férias.
Dito isso vamos as considerações:
Ousado, estético e surpreendente. Adjetivos que me permitousar para descrever Pobres Criaturas. Filme do diretor Yorgos Lanthimos, para quem curtiu, recomendo O Lagosta do mesmo diretor,na vermelhinha.
O filme se presenta como uma releitura de Frankenstein, deMary Shelley, orbitando a mesma temática com o homem exercendo seu domínio sobrea natureza através da sua sapiência, dessa narrativa deriva-se diversas questõesmorais e da psique humana.
Á nível cinematográfico a direção de Yorgos se destaca natela. Os planos de câmeras são construídos, ousados e calibrados para a história,acompanhando a evolução da personagem Bella Baxter (Emma Stone). São ousados, porém carregados de significância para a narrativa da estória, comoexemplo, momentos que a personagem se encontra livre tanto física comomentalmente, lentes grandes angulares são convidativas para o espectador notarcada detalhe do cenário, assim como no oposto, presa ou claustrofóbica, osplanos se fecham causando desconforto em quem assiste.
Desconforto é o sentimento que convida o espectador a manteros olhos na tela durante todo o filme. No início, a persona, Bella, mesmo aparentandoser uma mulher desenvolvida, sua mente é de uma criança. A trilha sonora e a mixagemsão pensadas para complementar os sentidos e transbordar da tela as sensaçõesde Bella.
Emma Stone está deslumbrante, com graça e sem forçar, opersonagem se desenvolve tão sutilmente na tela deixando incomparável a Bellados primeiro 20 minutos com a Bella após. A personagem navega por diversastemáticas importantes e controvérsias, desafiando o patriarcado e o julgamento decomo se comportar sendo mulher na sociedade. Usando o pensamento racionalistaem todas as situações de maneira irrelevante e carregado de ironia, defendendo suasvisões e entendimentos da realidade, seguindo sua curiosidade quase doentia, oque a leva a situações no mínimo complicadas.
Provocativo, o filme toca em temáticas sexuais que seriamdignas de análise de Freud, não assista com seus país. Mas não só isso, nostira da bolha social e nos faz questionar o modus operandi do estar inserido emum ambiente e o como se comportar. Inocente e desprovida de vergonha, EmmaStone nos convida a ver e a criar uma realidade para Bella, carregado de humore de empoderamento, dona de suas próprias escolhas, erros e acertos, não se importandocom aquilo que se espera.
Meu voto no Oscar não tenho dúvidas qual escolher, um filmefeito para todos, como camadas que podem ou não ser observadas dependendo dequem assiste, podendo concordar ou não. Mas questiona muitas verdades quecompõe o entendimento de ética pela sociedade, na minha opinião esse é o realpapel do cinema como arte.
Oppenheimer é perfeito de mais, está tudo no lugar,mas, é só isso, assistir um filme que precisa ter decorado boa parte da aula dehistória do colégio não sei se é o melhor que podemos fazer. Fora o fato de ofilme ter sido gravado em Imax... Para o Nolan e meia dúzia massagearem seuego. Hollywood né...
Sou fã do Nolan por outras obras, deixo claro aqui, antes deser severamente criticado por emitir minha opinião.
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