Diogo Francisco Simas
Cheire tudo antes de comer
O Mestre se levantou. Olhou para seus discípulos. Não sorriu.
O Mestre se levantou. Olhou para seus discípulos. Não sorriu.
— Guardem no coração o que lhes contarei.
— Há muito tempo:
— Eu quero a puta mais gostosa da casa!
A mulher sorriu.
— Sou eu.
— Você não, seu pedacinho de carne!
— Eu fui corno! Eu quero uma puta para bater!
A mulher sorriu.
— Eu sei o que você procura.
Ele a olhou. Seus olhos vermelhos, seu rosto vermelho, suas sobrancelhas apontavam ainda mais para o chão.
Ele passou a mão pela boca tirando as babas secas dos seus cantos.
— É isso.
Ele vestia as calças. Olhou para ela.
— Qual o seu nome?
— Por que você quer saber?
— Porque eu estou pagando.
Ela o olhou sem sorrir:
— Julieta.
— Você é uma bela de uma vagabunda, Julieta.
— Vocês mulheres são todas iguais, umas vagabundas.
— Até você que é mãe!
— Por que você pensa que eu sou mãe?
— Eu vi a cicatriz da sua cesariana.
Ela sorriu.
— Essa cicatriz é por outro motivo.
Ele arregalou os olhos.
Ela olhou em seus olhos:
— E até o ano passado eu me chamava Romeu.
O Mestre olhou para seus discípulos.
— Quando sentirem raiva, fechem a boca, abram os olhos e, se não enxergarem, façam como os cegos...
— ... cheirem tudo antes de comer.
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