Diogo Francisco Simas
Eu creio em Deus
Que a paz esteja conosco
Escrever é falar a quem não está perto e eu não sei escrever sem falar ou escrever as coisas como são ou, ao menos, como eu penso que são.
Eu creio. Mas falo e escrevo pouco sobre Deus.
Sobre Deus se fala pouco, baixo e devagar.
Eu creio.
Eu creio que Deus está mais perto do pecador porque este sabe que o é, sabe que é fraco, frágil, fugaz, precário, que viverá poucos anos e nestes poucos anos muito pecará e muito errará.
Eu creio que Deus está mais perto do pecador do que dos bonzinhos de plantão, dos santinhos que vivem na putaria que não se faz nos puteiros e dos castos que fazem misérias.
O pecador sabe que tudo o que recebe e tem é por graça. A graça leva à gratidão. A gratidão leva ao perdão. O pecador sabe o quanto precisou, precisa e precisará da ajuda de muitos em sua jornada.
Eu creio porque não creio que somos o pó que abriu os olhos e tomou consciência da própria existência. Eu não creio que o universo vastíssimo seja obra do acaso e não creio que uma gota d’água se dê por obra do acaso.
Eu não creio que a vida seja obra do acaso e não creio que estamos aqui pura e simplesmente porque nossos pais gozaram em nossas mães.
Certeza? Pura crença. Mas por ser racional e viver em concreto, a razão me mostra a complexidade de uma gota d’água, de uma célula, da vida e da vastidão do universo.
A razão me faz crer que tudo vai muito além do acaso e vejo Deus na beleza da vida que é rara e se faz na mãe que dá o peito, no pai que dá a comida, no amigo que dá o ombro, no desafeto que perdoa, no inimigo que não se vinga, no homem de bom coração que ajuda o desconhecido, nos amantes que se amam e da vida fazem vida.
Eis o mistério da vida, da fé, do amor.
Eu creio.
Que a paz esteja conosco.
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